
Tirando minha filha nunca escrevi sobre as mulheres da minha vida, mesmo porque não foram tantas assim, mas quem sabe um dia eu escreva o que cada uma representou para mim. Mas tem uma em especial que representa, e espero que ainda fique ao meu lado durante muito tempo. Em meus "quase" 36 anos sempre foi a minha perseguidora mais implacável, incansável mesmo. Talvez sem ela não tivesse me formado, não estaria escrevendo, não estaria fazendo um monte de coisas. Não quis que eu tentasse a sorte no futebol, mas será que eu era tão bom que conseguiria me tornar um jogador profissional? Vocês sabem né, mãe tem um sexto sentido, vai ver pressentiu que a paixão do filho era o Corinthians, e não o futebol.
Mostrou ser uma mulher de fé quando meu pai precisou de ajuda, já que as coisas não iam tão bem no trabalho, e saiu à caça para vender - uma de suas especialidades - artigos para a beleza feminina. Daquele tempo sobraram apenas algumas lembranças, e alguns poucos batons que não conseguiu comercializar. Depois disso entrou de cabeça no comércio de roupas femininas, e não saiu mais. Já está naquele estágio em que não é necessário sair atrás de compradores. As interessadas em seus produtos, de muita qualidade por sinal, já ligam e encomendam aquilo que precisam. O celular toca insistentemente, mas ela ainda não sabe o manusear muito bem.
Após muito tempo na batalha consegue pagar as contas, e ainda guardar um qualquer para viagens, reformas em casa, e outras coisinhas. Adora vender, mas o ofício anda um pouco afastado, primeiro por conta de problemas em sua vista que acabaram sendo solucionados, apesar de ter perdido boa parte da visão. Em seguida, foi a FIEL escudeira do velho Marcello na sua luta contra o câncer. Também perdeu, mas desta vez foi o companheiro que tanto faz falta a todos nós. Levava, trazia, cadeira de roda pra cima, pra baixo, mas lá estava ela. Fez o que pôde, mas não conseguiu evitar o pior.
Após alguns meses, no exato momento da volta por cima, outro revés. Pé quebrado e mais alguns dias de molho, mas nada que abale a força de D. Elenice. Acho que aconteceu para dar a ela um pouco de descanso, pois a guerreira também precisa. Filha única de D. Maria Tosca e "SEU" Armando tem três filhos, Marcela, Renata e aquele que vos escreve. Sem sombra de dúvida o que deu mais trabalho a ela, mas nem eu consegui fazer com que ela desistisse. Vó dedicada de Luiza, Laura e Beatriz ama de paixão as três netinhas, assim como eu.
Após todo o trabalho que dei a ela, está na hora de começar a recompensá-la. Retribuir por todo o empenho e dedicação em tanto tempo. Começar a nos fortalecer novamente, pois a perda foi sentida, o golpe foi duro. Mas tenho certeza que com a ajuda dele, de onde e como ele estiver, virá. Pois assim como ele, nós também a amamos...
Um Beijão Mãe...