quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sangue Azul...


Vez ou outra me pego pensando nas coisas que fiz - ou deixei de fazer - na minha curta, porém proveitosa existência, nas pessoas que conheci, naquelas que faziam parte do meu convívio, das pessoas que gosto, daquelas que não vejo a algum tempo. E existem algumas carimbadas, aparecendo sempre no álbum das minhas lembranças.

Esse com certeza faz parte desse grupo, pois estivemos juntos em diversas ocasiões. Ficamos um tempão sem nos encontrar por conta de uma briga boba de crianças que ainda cresciam, mas depois nossas famílias voltaram às boas. Adorava, e sabia como poucos contar um "causo", histórias divertidíssimas que nos faziam viajar no tempo.

Geralmente passagens engraçadas da infância quando ainda vivia na cidade mineira de Poços de Caldas. Havia muita dificuldade, mas ao mesmo tempo muita vontade de melhorar. Ao lado do meu velho, que de acordo com ele, já era bravo e turrão, e de uma infinidade de primos, as coisas aconteciam em profusão.

Nos reunimos quase sempre nos Natais, e ao lado dele, piadas e casos não faltavam. Era uma pessoa bastante carismática, gostava de comer bem, de um bom café, e um cigarrinho sentado na poltrona da sala de TV. A impressão que eu tinha quando entrava na casa, mesmo após a sua morte, é que ainda o encontraria sentado lá.

Nunca o havia visto tão nervoso como no dia em que fomos assistir o Coringão no Pacaembú, jogo duro, complicado, só para variar, e ao meu lado parecia que ele iria engolir o maço de cigarro, parceiro de sempre, a qualquer hora. Bigodinho, barriga proeminente, baixinho, um companheiro fantástico.

Me lembro ter ficado muito triste quando o vi numa das últimas vezes ainda no hospital, pois a situação dele já era crítica, e não foi como sempre. Outra passagem que não me esqueço, e nem poderia, foi que conheci a mãe da minha filha dias após a sua morte. Vai ver já colocando a BEATRIZ no meu caminho para conseguir suportar a sua perda, e anos depois a ausência do meu pai também.

É sangue azul, Toninho, Tio Poli, Becário agora você está aí em cima ao lado do turrão com certeza contando diversas histórias, torcendo pelo Coringão, e bem, bem melhor do que estavam. Mas isso já é outra história, e vocês me contam depois...